
O agronegócio cearense registrou um saldo positivo em 2024, com destaque para o aumento tanto da produção agrícola quanto do Valor Bruto da Produção (VBP) no setor. A produção total no estado passou de 5,39 milhões de toneladas em 2023 para 6,79 milhões no ano passado, um crescimento de 26%. Já VBP saltou de R$ 6,21 bilhões para R$ 7,97 bilhões, ou seja, um incremento de 28,2%. Os dados constam no documento Conjuntura: Agricultura do Ceará – Análise Comparativa 2023-2024, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico (SDE).
O aumento na produção foi ampliado pelas boas condições climáticas, principalmente pelo período de chuvas mais longas no primeiro semestre de 2024, o que favoreceu tanto a área quanto a produtividade das lavouras. O rendimento médio das culturas cresceu em torno de 25%, o que impactou de forma positiva a produção de produtos como a banana, maracujá e coco. Além disso, a valorização dos preços desses itens também contribuiu para o crescimento do VBP, com a demanda crescente por esses produtos nos mercados.
A banana, por exemplo, teve um bom desempenho superando outras culturas em termos de rentabilidade. Mesmo ocupando uma área menor, de 38.837 hectares, gerou R$ 926,7 milhões, o maior VBP entre os produtos agrícolas do estado. O maracujá, com R$ 691,3 milhões, também se manteve entre os principais geradores de receita, e o coco (água/seco) avançou para a terceira posição no ranking de VBP, com R$ 603,4 milhões. O milho grão/verde totalizou R$ 525 milhões, refletindo a valorização de sua produção.
Outro destaque foi a expansão da área cultivada. O total de hectares plantados no Ceará aumentou de 1.615.001 hectares para 1.640.998 hectares, com destaque para o milho grão/verde, que liderou as áreas cultivadas, seguido pelo feijão-fradinho e pela castanha de caju.
Produtos como mandioca, sorgo forrageiro e coco também se beneficiaram da ampliação da área e tiveram aumento na produção, o que impactou positivamente no VBP. De acordo com Sívilo Carlos, secretário-executivo do agronegócio no Ceará, ligado à SDE, o estado tem investido em infraestruturas fundamentais para sustentar esse crescimento, como melhorias nas estradas, na infraestrutura de energia e em recursos hídricos.
“Temos investido fortemente em energia para o crescimento da fruticultura no Baixo Jaguaribe e infraestrutura hídrica para impulsionar a atividade. Ações importantes também estão sendo realizadas nas regiões da Ibiapaba e no Cariri, para viabilizar a expansão dessa grande área. Além disso, o estado tem promovido sua fruticultura internacionalmente, para divulgar o potencial do Ceará”, destaca Sílvio Carlos.
Irrigada
A agricultura irrigada foi um fator fundamental no crescimento da produção agrícola no Ceará em 2024. Com 97,2 mil hectares irrigados, representando 5,9% da área total cultivada, a agricultura irrigada foi responsável por 37,1% da produção e 58,2% do VBP total. Já a comercialização na Ceasa do Ceará, que concentra boa parte da negociação de produtos agrícolas do estado, também registrou bons resultados. Embora o volume de produtos comercializados tenha caído ligeiramente em 3,1%, com 592,1 mil toneladas negociadas, o valor total das mercadorias aumentou 16,1%, somando R$ 3,1 bilhões.
Com base nesse cenário, o secretário-executivo do agronegócio no estado aponta alguns fatores que explicam esse crescimento e as expectativas para os próximos anos. “O Ceará possui uma localização estratégica no Atlântico, o que facilita a produção de culturas de alto valor agregado, especialmente por conta das nossas condições climáticas. Temos mais de 3.000 horas de luz solar por ano, o que favorece a produção, principalmente de fruticultura. Além disso, a área livre de moscas das frutas é uma certificação importante para mercados internacionais. A infraestrutura portuária moderna facilita a exportação, tornando o Ceará um local muito atrativo para investidores. Esperamos ampliar ainda mais o agronegócio, abrangendo setores como avicultura e pecuária”, conclui.